O número de pixels e a Fujifilm
A política comercial da Fujifilm - ou dos seus agentes - confunde os consumidores mais incautos que se deixam entusiasmar pela corrida aos megapixels.
Há alguns anos (até 2000, 2001) reinava a confusão na descrição do da resolução máxima de uma máquina, entendida como o número máximo de pixels. Havia três políticas:
- Indicar o maior número de pixels da imagem produzida, mesmo que essa imagem tivesse sido obtida por interpolação de uma imagem com menor número de pixels.
- Indicar o número de elementos sensíveis do sensor (maioritariamente CCD, em alguns casos CMOS).
- Indicar o número de elementos do sensor que são efectivamente transcritos para a imagem.
Depois estabeleceu-se um protocolo em que passou a falar-se do número de pixels "efectivos" do sensor, eventualmente acompanhado pela maior dimensão da imagem.
Assim, um sensor de 2.1 Mpixels gera imagens de 1600 x 1200 = 1920000 e um sensor de 3.2 Mpixels gera imagens de 2048 x 1536 = 3145728. Note-se que os pixels exteriores à área da imagem podem contribuir indirectamente para esta. São usados para o balanço de brancos e medição da exposição, por exemplo.
Infelizmente, a Fujifilm não aderiu sistematicamente a este protocolo por causa do seu sistema "Super CCD". Enquanto nos CCDs normais os elementos sensores estão dispostos numa grelha quadriculada, a Fujifilm desenvolveu um sistema de sensores octogonais, em que os sensores de linhas consecutivas estão deslocados horizontalmente metade da distância entre sensores:
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| CCD normal |
Super CCD |
Graças a este método que simplifica a electrónica e reduz a distância entre sensores é possível instalar sensores maiores num CCD da mesma dimensão. Como resultado, a Fujifilm reclama a capacidade de obter imagens de 6Mpixels com um CCD de 3.1 Mpixels, de qualidade semelhante às máquinas com CCDs de 6Mpixels. Segundo as várias críticas que li, tal não é o caso embora o Super CCD
ofereça vantagens face a outros CCD com a mesma resolução.
Independentemente da qualidade, as máquinas Fujifilm com um Super CCD de 3.1Mpixels geram imagens de 6Mpixels e muitas pessoas compram estas máquinas como tendo 6Mpixels.
Num momento em que esta controvérsia parecia ter acalmado, a Fujfilm anuncia a quarta geração do sistema "Super CCD", com o Super CCD SR. A inovação desta geração advém do uso de dois sensores para cada pixel: um sensor maior e mais sensível (S) que satura a níveis médios de luminosidade (corresponde aos sensores actuais) e um novo sensor mais pequeno e menos sensível (R) que mantém uma curva
variável de resposta até grandes níveis de luminosidade. Da combinação destes dois sensores, espera-se obter uma imagem que reproduza melhor as variações nas zonas mais claras. Em qualquer dos casos, embora o CCD tenha 6.2 milhões de sensores, estes correspondem a 3.1Mpixels, uma vez que cada pixel resulta da combinação dos dados dos dois sensores.
O gráfico abaixo procura ilustrar a resposta dos sensores quando a iluminação (i) varia. À esquerda está a resposta dos dois sensores, S e R, e à direita está a resposta combinada que se obtém em cada pixel da imagem (as curvas são meramente indicativas).
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| rendimento dos dois sensores |
rendimento combinado |
A primeira máquina dotada deste sensor será a Fujifilm F700, cuja saída está prevista para Outubro de 2003. Não será pela maior resolução que esta máquina se destacará, mas eventualmente pela melhor resposta que der na reprodução das zonas muito claras. |